Tuesday, June 9, 2009

Uma chamada divina mas democrática – paz a alma de Bongo

Ontem foi anunciada a morte de Omar Bongo, o presidente Africano que mais tempo segurou aquela tão almejada posição politica. Vemos muitas vezes o Ocidente (e africanos pouco informados) a tecer críticas à imagem de Robert Mugabe, esquecendo intencionalmente ou por força da ignorância que existe uma dezena de lideres africanos que estão no poder a quase meio século.

A séculos, décadas atrás o meu descaramento seria considerado herético ou contra-revolucionário. Omar Bongo teve uma chamada divina, mas democrática para abandonar o poder.

Omar Bongo está no poder a mais de 41 anos e não haviam sinais de que ele iria abandonar o poder tão recentemente. Se o povo não tinha o poder ou vontade de retirar-lhe tão prestigiada pasta então a Natureza, Allah, Deus, Budah, Jah ou o que quer que a sua crença lhe faz acreditar ter poderes de veto o mandou abandonar o poder.

O engraçado é que muitos Gaboneses consideravam Omar Bongo um lider carismático e o queriam no poder. A razão de tamanha admiração centra-se na condição de paz que agracia este país deste que Bongo tomou as redeas, o que os difere de outros países da mesma região com os mesmos recursos petrolíferos.

Omar Bongo tornou-se vice-presidente do Gabão em 1966, nesta a altura sob a presidencia de Leon M’ba, a quem ele substituiu em 1967, após a sua morte.

Bongo presidiu o Gabão de 1967 à 1990 sob um sistema mono-partidário do “Partido Democrático Gabones”. Em 1990 o sistema mono-partidario foi abolido, e Bongo ganhou os 3 pleitos eleitorais que se seguiram em 1993, 1998 e 2005.

Bongo consolidou o poder atraindo membros da oposição com certo peso político e oferecendo-lhes posições politicas em seu governo em troca do seu apoio.

O legado de Bongo centra-se na estabilidade política e civil que caracterizou o país durante o seu governo. Gaboneses são unanimês em considera-lo o pai da paz.

Mas a razão pela qual eu não nutro tamanho respeito por tal legado, vem do facto dele ter sido muito bem pago para o efeito. Muitos outros lideres teriam atingido o mesmo resultado à preço bem mais barato. Aquando da sua morte Bongo figurava entre os presidentes mais ricos do mundo, enquanto a sua população encontra-se entre os povos mais pobres.

O Gabão deveria ser o Kuwait da África Sub-Sahariana, um país prospero e dos mais ricos em África devido as suas reservas de petróleo, mas esse não é o caso.

Bongo foi indiciado por um juiz Francês à responder à uma acusação de desfalque de fundos do estado por ter em contas francesas muito mais dinheiro do que ele ganhou em salários oficiais. Outros lideres como Denis Sassou Ngesso e Eduardo dos Santos também figuram na mesma lista. Mesmo com essas acusações, Bongo continuava a disfrutar de uma vida de lord em detrimento do seu povo. Mesmo com essas acusações a pesarem sobre as suas costas os lideres ocidentais ainda o tratavam com muita estima.

O ocidente critica lideres africanos selectivamente, segundo os beneficios que eles derivam do país. Bongo foi inumeras vezes visto na companhia de presidentes franceses e americanos.

É um caso para questionar se esta não terá sido uma chamada divina.